"(...)Não te equivoques, Nathanael, ante o título brutal que me agradou dar a este livro.

Nele me pus sem arrebiques nem pudor; e se nele falo por vezes de lugares que não vi, de perfumes que não cheirei, de ações que não cometi – ou de ti, Nathanael, que ainda não encontrei – não é por hipocrisia. E essas coisas não são mais mentirosas do que este nome que te dou, Nathanael, que me lerás, ignorando o teu, ainda por surgir.

Quando me tiveres lido, joga fora este livro – e sai. Sai do que quer que seja e de onde seja, de tua cidade, de tua família, de teu quarto, de teu pensamento. Que o meu livro te ensine a te interessares mais por ti do que por ele próprio – depois por tudo o mais – mais do que por ti."

André Gide em "Os Frutos da Terra". Paris, 1927.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

eros

"nos veremos amanhã?”
“acho que não vai dar...”
“por que?
“tenho uns trabalhos pra fazer, muita coisa pra resolver...”
“e não pode fazer isso outro dia?”
“poder, eu posso, mas vai complicar muito minha vida.”
“você sabe que esse dia é nosso, as sextas–feiras são sagradas...”
“ tá bem, tá bem. nos veremos, então.”
“sabia que eu ia te convencer dizendo que as sextas são sagradas...”
“isso não me convenceu. só nos veremos por saber que as nossas sextas são profanas...”

Um comentário:

Flávia disse...

Ui ui.