"(...)Não te equivoques, Nathanael, ante o título brutal que me agradou dar a este livro.

Nele me pus sem arrebiques nem pudor; e se nele falo por vezes de lugares que não vi, de perfumes que não cheirei, de ações que não cometi – ou de ti, Nathanael, que ainda não encontrei – não é por hipocrisia. E essas coisas não são mais mentirosas do que este nome que te dou, Nathanael, que me lerás, ignorando o teu, ainda por surgir.

Quando me tiveres lido, joga fora este livro – e sai. Sai do que quer que seja e de onde seja, de tua cidade, de tua família, de teu quarto, de teu pensamento. Que o meu livro te ensine a te interessares mais por ti do que por ele próprio – depois por tudo o mais – mais do que por ti."

André Gide em "Os Frutos da Terra". Paris, 1927.

sábado, 22 de maio de 2010

rua méxico


foi quinta-feira passada que eu te vi atravessando por entre os carros, aquela rua que corta a av. almirante barroso que eu sempre esqueço o nome. enfim. fiquei confuso. não sabia se continuava, se parava, se retornava ou, ainda, se te atropelava. nada fiz. fiquei imóvel; incólume aos seus passos ligeiros. nada também poderia fazer já que dois carros, além do que eu me encontrava, nos separavam.

depois da sonora buzinada que eu recebi por imóvel continuar depois que o sinal abriu, eu despertei. engatei a primeira marcha; sutilmente, tirei o pé da embreagem e continuei. segui feliz. feliz, principalmente, por ter lembrado o nome da rua.

Um comentário:

Flávia disse...

Muito boom!rs.