"(...)Não te equivoques, Nathanael, ante o título brutal que me agradou dar a este livro.

Nele me pus sem arrebiques nem pudor; e se nele falo por vezes de lugares que não vi, de perfumes que não cheirei, de ações que não cometi – ou de ti, Nathanael, que ainda não encontrei – não é por hipocrisia. E essas coisas não são mais mentirosas do que este nome que te dou, Nathanael, que me lerás, ignorando o teu, ainda por surgir.

Quando me tiveres lido, joga fora este livro – e sai. Sai do que quer que seja e de onde seja, de tua cidade, de tua família, de teu quarto, de teu pensamento. Que o meu livro te ensine a te interessares mais por ti do que por ele próprio – depois por tudo o mais – mais do que por ti."

André Gide em "Os Frutos da Terra". Paris, 1927.

terça-feira, 4 de maio de 2010

aprendizado


meus dedos tortos tilintando sobre suas pernas transparentes de vidro era perfeito, um gesto ensaiado, uma melodia sendo tocada. um sinal claro de que algo ainda mais sublime estava prestes a começar. atavam-se abraços, extrapolavam-se corpos, devaneavam-se vidas.

eu aprendi.

não se deve, nunca, olhar fixamente para as pernas de uma mulher. ao menos que intente entregar-se por completo à elas.

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