"(...)Não te equivoques, Nathanael, ante o título brutal que me agradou dar a este livro.

Nele me pus sem arrebiques nem pudor; e se nele falo por vezes de lugares que não vi, de perfumes que não cheirei, de ações que não cometi – ou de ti, Nathanael, que ainda não encontrei – não é por hipocrisia. E essas coisas não são mais mentirosas do que este nome que te dou, Nathanael, que me lerás, ignorando o teu, ainda por surgir.

Quando me tiveres lido, joga fora este livro – e sai. Sai do que quer que seja e de onde seja, de tua cidade, de tua família, de teu quarto, de teu pensamento. Que o meu livro te ensine a te interessares mais por ti do que por ele próprio – depois por tudo o mais – mais do que por ti."

André Gide em "Os Frutos da Terra". Paris, 1927.

terça-feira, 20 de abril de 2010

grosseria



“é muito sério o que você tem pra falar?”
“não sei, acho que sim.”
“diga.”
“assim... é que...”
“acho melhor falar de uma vez.”
“sem dúvida. mas perdi as palavras.”
“respira fundo.”
“perdi as palavras, não o ar.”
“não precisa ser grosso.”
“não precisamos de muita coisa, meu bem.”

Um comentário:

Caroline disse...

Eu posso comentar?
Se puder, adorei! :)