"(...)Não te equivoques, Nathanael, ante o título brutal que me agradou dar a este livro.

Nele me pus sem arrebiques nem pudor; e se nele falo por vezes de lugares que não vi, de perfumes que não cheirei, de ações que não cometi – ou de ti, Nathanael, que ainda não encontrei – não é por hipocrisia. E essas coisas não são mais mentirosas do que este nome que te dou, Nathanael, que me lerás, ignorando o teu, ainda por surgir.

Quando me tiveres lido, joga fora este livro – e sai. Sai do que quer que seja e de onde seja, de tua cidade, de tua família, de teu quarto, de teu pensamento. Que o meu livro te ensine a te interessares mais por ti do que por ele próprio – depois por tudo o mais – mais do que por ti."

André Gide em "Os Frutos da Terra". Paris, 1927.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

sede


a planta dos seus pés - quentes - sobre o peito dos meus - frios - não era indelicadeza. não. era o que havíamos proposto, calados. sabíamos das veleidades do mundo e optamos por encontrar algo que desse sentido a tudo que passamos. algo que esquecesse tudo que, até então, eclipsara a nossa alma. encontramos. nós encontramos. nos encontramos.


fazes-me sede.
copo cheio.
café-com-leite frio atropelando a garganta, num gole só.
ahhhhhhh !
para, enfim, derramar tudo em meu peito.

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