"(...)Não te equivoques, Nathanael, ante o título brutal que me agradou dar a este livro.

Nele me pus sem arrebiques nem pudor; e se nele falo por vezes de lugares que não vi, de perfumes que não cheirei, de ações que não cometi – ou de ti, Nathanael, que ainda não encontrei – não é por hipocrisia. E essas coisas não são mais mentirosas do que este nome que te dou, Nathanael, que me lerás, ignorando o teu, ainda por surgir.

Quando me tiveres lido, joga fora este livro – e sai. Sai do que quer que seja e de onde seja, de tua cidade, de tua família, de teu quarto, de teu pensamento. Que o meu livro te ensine a te interessares mais por ti do que por ele próprio – depois por tudo o mais – mais do que por ti."

André Gide em "Os Frutos da Terra". Paris, 1927.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

deux couleurs


ontem, extraordinariamente, foi decretado que aqueles olhos de azul inverossímil e aquela pele corada passariam a colorir o mundo. não houvera flor, sol, céu ou barato psicotrópico algum à altura para competir com seus azuis e vermelhos, mais intensos que os da bandeira da frança ou luxemburgo ou holanda.

seus dedos longos tamborilando a síncope no maço surrado de derby azul e seu campari aguado mandavam para o espaço qualquer objetivação de pensamento.

aqui ela jaz. aqui ela jazz.