"(...)Não te equivoques, Nathanael, ante o título brutal que me agradou dar a este livro.

Nele me pus sem arrebiques nem pudor; e se nele falo por vezes de lugares que não vi, de perfumes que não cheirei, de ações que não cometi – ou de ti, Nathanael, que ainda não encontrei – não é por hipocrisia. E essas coisas não são mais mentirosas do que este nome que te dou, Nathanael, que me lerás, ignorando o teu, ainda por surgir.

Quando me tiveres lido, joga fora este livro – e sai. Sai do que quer que seja e de onde seja, de tua cidade, de tua família, de teu quarto, de teu pensamento. Que o meu livro te ensine a te interessares mais por ti do que por ele próprio – depois por tudo o mais – mais do que por ti."

André Gide em "Os Frutos da Terra". Paris, 1927.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

vocabulário


“tem sido tão prazeroso que eu fico até um pouco confusa em relação ao que eu sinto.
“do que você está falando?”
“ah, sobre sensações... e... sentimentos.”
“meu bem, tudo ainda é muito recente...”
“mas é que eu acho que... eu... eu tenho certeza do que estou sentindo.”
“se for o que estou pensando, é melhor não dizer.”
“mas por que não? é tão simples, tão puro... eu...”
“não diga, por favor.”
“a vida é muito curta pra nos darmos ao luxo de nos privarmos de coisas tão belas. eu...”
“aprendamos todas as palavras, antes de resumirmo-las à uma.”

Um comentário:

ana disse...

"eu..."

eu... me encontro nos teus curtos escritos. sou curta? curtida?