"(...)Não te equivoques, Nathanael, ante o título brutal que me agradou dar a este livro.

Nele me pus sem arrebiques nem pudor; e se nele falo por vezes de lugares que não vi, de perfumes que não cheirei, de ações que não cometi – ou de ti, Nathanael, que ainda não encontrei – não é por hipocrisia. E essas coisas não são mais mentirosas do que este nome que te dou, Nathanael, que me lerás, ignorando o teu, ainda por surgir.

Quando me tiveres lido, joga fora este livro – e sai. Sai do que quer que seja e de onde seja, de tua cidade, de tua família, de teu quarto, de teu pensamento. Que o meu livro te ensine a te interessares mais por ti do que por ele próprio – depois por tudo o mais – mais do que por ti."

André Gide em "Os Frutos da Terra". Paris, 1927.

terça-feira, 18 de maio de 2010

bocejo


“vamos naquele restaurante italiano que cê gosta?”
“eu fiz um miojo pra mim.”
“hum... que tal ir assistir o novo do woody allen?”
“já assisti. até que agradou...”
“lê pra mim aquele poema do borges?”
“agora, não. to com aquele pigarro na garganta, sabe? tá incomodando...”
“e aquele disco do miles davis que cê queria me mostrar...”
“ouvi esse disco umas seis vezes hoje, deixa pra outro dia...”
“vamos transar, então?”
“já transei... até que não foi ruim...”

Um comentário:

Flávia disse...

Não sei porquê isso me parece familiar...